quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A atualidade do encontro de Assis


Guilherme d’Oliveira Martins

Há vinte e cinco anos, a 27 de outubro de 1986, teve lugar, por iniciativa de João Paulo II, o Encontro de Assis no qual o Papa se reuniu com representantes das Igrejas Cristãs, das Comunidades Eclesiais e das Religiões do mundo em nome da Paz, tendo afirmado na circunstância, com S. Paulo, que a Paz tem de ser encontrada em Jesus Cristo - «paz para aqueles que estáveis longe e paz para os que estavam perto» (Ef. 2, 17) – Ele que foi saudado ao nascer pelo cântico dos anjos: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados». Hoje, o tema da Paz mantém a sua atualidade e tornou-se porventura ainda mais premente. E o diálogo entre as culturas e as religiões é uma das chaves para superarmos a grave situação internacional em que vivemos. Nos últimos anos, sinais inquietantes manifestaram-se – desde a violência à crise financeira, das desigualdades à exclusão. Estão esquecidas as propostas de João XXIII em «Pacem in Terris» e a afirmação de Paulo VI de que o «desenvolvimento é o novo nome da paz»
E devemos recordar, como o Concílio Vaticano II reafirmou, que é a historicidade humana que determina a histori-cidade da Salvação. Daí a importância do conceito enriquecido teologicamente de “sinais do tempo” – como salientou exemplarmente D. José Policarpo. Afinal, a Salvação objetiva-se na História, havendo uma história específica de Salvação no meio da história dos homens e um especial sentido salvífico no tempo depois de Cristo. De facto, a partir da Encarnação de Cristo, a história da Salvação integra e interpreta toda a história profana, sendo o tempo presente o do crescimento do Reino de Cristo, que tem a ver com os sinais dos tempos, na aceção do Concílio e na dimensão escatológica do tempo presente. Daí as responsabilidades de todos relativamente à justiça e à paz. Na feliz expressão do historiador Henri-Irénée Marrou: «A ação terrestre do homem faz mais do que dar sentido, leva já no mais fundo de si mesma os valores que, irradiando para fora do tempo, encontraram o seu lugar garantido na casa do Pai». E ainda Marrou, como E. Schillebeeckx, afirma que «a esperança cristã sabe que esta possibilidade (de alcançar um mundo melhor) é dada ao homem como uma graça e, por isso, o cristão vive na fé, consciente de que não é em vão o seu empenhamento por uma melhor ordem temporal, embora não veja como é que esta ordem temporal, que ainda não é o Reino prometido, pode ser obscuro início do eschaton». A história profana tem, assim, não só uma configuração que a define como instrumento de Salvação, mas também como caminho de Salvação trilhado na substância própria dos acontecimentos.
Apesar da existência do pecado e da imperfeição, que leva à ação impura e ao sujar as mãos, os “sinais dos tempos” inserem-se numa dimensão cristológica e escatológica – o que leva ainda D. José Policarpo (no seu célebre texto sobre os sinais dos tempos) à afirmação: «o fim dos tempos germina e cresce na construção do nosso mundo. Ele será a etapa final de toda a luta pela vida e pelo melhoramento da situação do homem travada através dos séculos. Interpretar os sinais dos tempos é discernir nos fenómenos da história a preparação desse último dia». Há, assim, uma unidade profunda entre a história humana e a história da Salvação. O mistério da pessoa humana leva à compreensão da história. E só à luz de Cristo esta compreensão se pode fazer, uma vez que cada acontecimento e cada fenómeno humano contribui decisivamente para a construção do Reino de Deus. Toda a história humana encerra, deste modo, uma dimensão salvífica, pelo que a interpretação dos sinais dos tempos pressupõe sempre a procura na história do desígnio salvífico de Deus. «Interpretar os sinais dos tempos é ver cada acontecimento no conjunto desse desígnio». O mistério de Cristo lança luz sobre o mistério dos homens, uma vez que a procura da significação da história permite essa ligação – tornando se presente o fim dos tempos, antecipando-se o momento em que o homem atingirá a sua plenitude, para realizar totalmente as potencialidades contidas no princípio. Aqui é a tripla dimensão do presente de Santo Agostinho (passado, presente e futuro) que se projeta, ligando na história dinamicamente o «princípio» e a «esperança». E é o combate pela paz que obriga a ligar esses dois termos. O Papa Bento XVI, quando renovar o gesto de há vinte e cinco anos nestes dias de outubro de 2011, procurará, assim, dar passos concretos de entendimento e diálogo, lembrando que a responsabilidade das pessoas, políticos e cidadãos, de boa vontade, à luz da esperança cristã e ecuménica, deve ter consequência na História humana.
Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura

Assis 2011: «Sinais inquietantes» exigem diálogo pela paz


Assis 2011: «Sinais inquietantes» exigem diálogo pela paz

Especialistas portugueses saudam iniciativa promovida por Bento XVI

D.R.
Lisboa, 25 out 2011 (Ecclesia) - Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, considera que o encontro inter-religioso pela paz que o Papa convocou para quinta-feira, em Assis (Itália), pode ajudar a responder a “sinais inquietantes”, “desde a violência à crise financeira”.
“O tema da paz mantém a sua atualidade e tornou-se porventura ainda mais premente. E o diálogo entre as culturas e as religiões é uma das chaves para superarmos a grave situação internacional em que vivemos”, escreve, em texto hoje publicado pelo semanário Agência ECCLESIA.
Por iniciativa do atual Papa, a cidade de Assis, terra natal de São Francisco (1182-1226), vai acolher um novo encontro mundial de líderes religiosos “pela justiça e a paz”, à imagem do que fez João Paulo II em 1986.
“Bento XVI, quando renovar o gesto de há vinte e cinco anos nestes dias de outubro de 2011, procurará, assim, dar passos concretos de entendimento e diálogo, lembrando que a responsabilidade das pessoas, políticos e cidadãos, de boa vontade, à luz da esperança cristã e ecuménica, deve ter consequência na história humana”, assinala Guilherme d’Oliveira Martins.
Frei Isidro Pereira Lamelas, da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), fala no “Espírito de Assis”, sublinhando que o mesmo “poderá ter até outros nomes, mas não muitas alternativas”.
“Não existe um caminho para o diálogo: o caminho é o diálogo; assim como não há uma via para a paz: a via é a própria paz”, aponta o religioso.
Isabel Bento, da Comunidade de Santo Egídio (Igreja Católica), sublinha o facto de, neste encontro, haver espaço para “os não crentes” junto de representantes das “grandes religiões mundiais”.
“Para os crentes, este é quase um diálogo mais difícil do que aquele entre as diferentes religiões, e colocá-lo no mesmo patamar, mostra a maturidade da ‘vida adulta’ do diálogo”
O Vaticano anunciou a presença de 17 delegações das Igrejas cristãs do Oriente - incluindo o Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla (Igreja Ortodoxa) -, 13 Igrejas ocidentais – com a presença do primaz anglicano, arcebispo Rowan Willams -, uma representação do Grão Rabinato de Israel (judaísmo), 48 muçulmanos e mais de outros 120 representantes de diversas tradições religiosas, para além de quatro professores europeus “que se professam como não crentes”.
Frei Vítor Melícias, responsável máximo pela Ordem dos Frades Menores em Portugal, refere à ECCLESIA que a ocasião vai ser marcada por “diversas iniciativas”, destacando a presença no dia 27, na Mesquita de Lisboa, para levar “um abraço da fraternidade” aos “irmãos muçulmanos”.
“É absolutamente necessário [celebrar o encontro de Assis] porque é uma das mensagens proféticas do grande Papa João Paulo II. Ele entendeu aquilo de que o mundo precisa: que os povos dialoguem, se abracem, se entreajudem no respeito pelas legítimas diferenças de religião, de cultura”, acrescenta.
Para o religioso franciscano Agostino Sposito, da Itália, o “ato profético” de João Paulo II continua a revestir-se de “grande atualidade”, para que os líderes religiosos possam “encontrar em conjunto a estrada para a verdade, que é o caminho para a paz”.
Os países representados em Assis vão ser mais de 50, entre os quais Egito, Paquistão, Jordânia, Irão, Arábia Saudita e outros que, segundo o Vaticano, “são talvez dos que mais sofrem neste momento histórico por causa dos problemas da liberdade religiosa”.
PTE/OC
Notas aos leitores: Por ocasião do encontro inter-religioso de Assis, de quinta-feira, a Agência ECCLESIA vai apresentar nas suas notícias a palavra-chave 'Assis 2011'

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Papa Bento XVI participa das comemorações em Assis

A cidade italiana de Assis se prepara para acolher o papa Bento XVI e os líderes religiosos mundiais para a Jornada de Reflexão, Diálogo e Oração pela Paz e a Justiça no Mundo, que será realizada esta quinta-feira, dia 27.
Ontem, 23, milhares de peregrinos participaram de orações nos principais templos desta pequena cidade no centro da Itália. "Muitas famílias se reuniram nas basílicas de Assis e junto ao túmulo de São Francisco de Assis para rezar e invocar a paz em preparação de uma jornada histórica deste milênio", declarou o assessor de imprensa do Sagrado Convento, frei Enzo Fortunato.
Na quarta-feira, 26, a vigília será na Catedral de São Rufino, com a presença do bispo da cidade, dom Domenico Sorrentino, e a participação do Prior de Bosé, Enzo Bianchi.
Ontem, no Angelus na Praça São Pedro, Bento XVI confiou essa Jornada à intercessão de Nossa Senhora. "Uma peregrinação a Assis, 25 anos depois do evento convocado pelo beato João Paulo II".

Fonte: http://www.cnbb.org.br/

sábado, 22 de outubro de 2011

No Espírito de Assis

Card. Odilo P. Scherer

Arcebispo de São Paulo - SP

Escrevo estas linhas no dia de São Francisco de Assis, santo muito estimado por católicos e não-católicos. Alma sensível, coração límpido e sábio, poeta do “irmão sol” e da “irmã lua”, desprendido dos bens deste mundo e mendigo voluntário, mas rico por ter encontrado “meu Deus e meu tudo”, Francisco também se fez “irmão universal” e quis ser “instrumento da paz” de Deus para todos. Uma de suas mais insistentes recomendações aos confrades, que se agregaram a ele no mesmo ideal, referia-se à vida fraterna, com todas as conseqüências que isso traz.
Por esses e outros motivos, sua medieval e pequena Assisi apresenta-se ainda hoje como um dos lugares mais encantadores da Itália e continua a atrair todos os anos multidões de peregrinos, turistas e curiosos do mundo inteiro. Lá, a memória de S.Francisco convida a reviver a experiência, que ele viveu intensamente, irradiando paz e bem.
Não foi por outro motivo que o papa João Paulo II, em 27 de outubro de 1986, reuniu-se em Assis com líderes de várias religiões para um encontro de diálogo sobre a paz. Transcorria o Ano Internacional da Paz, celebrado pela ONU, e o Papa queria destacar a dimensão espiritual da paz e refletir, com os representantes das religiões, sobre a responsabilidade comum de orientar as crenças religiosas pessoais e comunitárias para a construção efetiva da paz; lamentava que, infelizmente, a religião era instrumentalizada com frequência para gerar violência e alimentar conflitos.
Sem cair no sincretismo, nem relativizando as crenças de cada religião, João Paulo II quis mostrar que era possível as religiões conviverem em paz e serem instrumentos de edificação da concórdia nas comunidades e entre os povos. Os anos sucessivos comprovaram a importância dessa intuição e como, de fato, é preciso que todas as religiões condenem com firmeza o terrorismo e se oponham com lucidez e coragem ao uso ideológico da religião, transformada em fonte de ódio e violência; isso seria trair a sua finalidade genuína e grave ofensa a Deus. Ninguém honra a Deus, fazendo violência ao próximo em seu nome!
Passados 25 anos desde aquele memorável evento, no próximo dia 27 de outubro, o papa Bento XVI vai repetir o encontro com líderes religiosos de todo o mundo para manter vivo o “espírito de Assis”. Também estarão presentes homens de ciência e cultura, além de personalidades que se definem não-crentes. Todos irão ao túmulo do pobrezinho de Assis como “peregrinos da verdade, peregrinos da paz” – este será o lema do encontro.
O peregrino, por vezes, avança com fadiga, mas segue caminhando com alegria e esperança, fascinado pela meta do seu peregrinar... As pessoas de fé sabem que todas as metas de peregrinações neste mundo são simbólicas e o coração intui que o termo do peregrinar está além, muito além do ponto em que já chegou. O homem é peregrino da verdade, do bem, do belo e da paz; e continua a caminhar, a perscrutar o horizonte da existência, ávido de luz, ansioso por enxergar e encontrar repouso para suas buscas.
A proposta do novo encontro de Assis é a busca sincera da verdade, na abertura atenta ao próximo. Em outros tempos, o “próximo“ estava geograficamente perto; com a globalização, a humanidade inteira transformou-se em sujeito de convivência. No entanto, como constata o papa Bento XVI, se é verdade que a globalização nos avizinhou mais, ela não nos fez mais fraternos (cf Caritas in Veritate n. 19). É preciso ir além do viver uns ao lado dos outros, para conviver com os outros, abrindo espaço no coração para que nossos semelhantes possam tomar parte de nossas alegrias, preocupações e esperanças.
A religião é caminho para o encontro do homem com o bem, o amor e a verdade – com o mistério de Deus; se ela cumprir esse papel, também ajudará a edificar a paz. Mas se, ao contrário, a religião não leva ao encontro com Deus, ou faz de Deus um objeto de manipulação dos desejos e projetos humanos, ela se desvia de sua finalidade e pode colocar em risco a paz. Nenhuma religião está isenta desse risco; por isso, as pessoas de religião são convidadas a se deixarem purificar sempre mais pela verdade, a exemplo de S.Francisco, transformando-se em instrumentos da paz. O desprezo à verdade leva a passar por cima da dignidade das pessoas, à soberba obcecada, ao triunfo da violência. E tudo isso está muito longe de Deus.
Bento XVI, falando sobre o tema, convidou os líderes de religiões a prosseguirem nos esforços comuns pela paz. Desde o primeiro encontro, em 1986, muitas iniciativas de reconciliação e de paz já aconteceram. No entanto, também houve muitas ocasiões perdidas e retrocessos! Velhos conflitos, ocultos como brasa debaixo da cinza, explodiram novamente em terríveis atos de violência e pareceram sufocar a possibilidade da paz.
São Francisco, homem de paz, convidava a colocar Deus no centro do viver humano. Assim fazendo, ele próprio podia amar com liberdade e desapego cada criatura, valorizar cada pessoa, ir ao encontro do leproso e do pobre, falar com o lobo o e ladrão, dialogar com aqueles que, antes, queria combater...
O campo onde prospera o desejado fruto da paz precisa ser cultivado sem parar; é tarefa constante e nunca está plenamente realizada: a edificação da convivência pacífica entre os homens requer o testemunho e o esforço comum de todos aqueles que buscam a Deus de coração sincero.
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 08.10.2011

Revista Mundo e Missão

Revista Mundo e Missão dá destaque ao Espírito de Assis:

http://www.pime.org.br/mundoemissao/evandialassis.htm

Oração Franciscana


Os Irmãos e as irmãs de São Francisco, por séculos, sempre recorreram a passagens da vida do santo de Assis para mostrar como agir em diferentes circunstâncias. Sabemos que ele rejeitou a guerra, mas partiu para as Cruzadas. Ele ficou tão indignado com as ações de ambos os exércitos, o dos cristãos e o dos seus opositores, que se propõe a sanar as divisões. Primeiramente, ele pensa em converter o sultão ou sofrer o martírio, mas a história mostra que isso nunca aconteceu. O que aconteceu, porém, foi o encontro de duas grandes mentes e dois enormes corações, que reconheceram um no outro, homens de convicções fortes, e acima de tudo, pessoas corretas, que agiam de acordo com sua fé. Propomos esta oração (preparada por Bernd Beermann OFM Cap) e o diálogo entre São Francisco e o sultão (preparado por Kathy Warren, OSF e Petrekovic João, OFM Cap) para um encontro (oração) da Família Franciscana, ou para uma reunião de pessoas que admiram Francisco de Assis e vêem nele um modelo para a nossa ação concreta em tempos de conflitos e divisões.
Símbolo:
(Enquanto se canta um canto de paz, pode-se acender uma vela (maior) simbolizando o desejo de paz em nosso mundo. Cada pessoa recebe uma outra vela (menor) e a acende na vela da paz e a coloca numa bandeja (ou em outro lugar) de modo que a luz coletiva brilhe em nossos corações e no mundo, trazendo o dom da paz).
Canto: (pode ser este ou outro a escolha do grupo)
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
Oração (depois que se acendem todas as velas)
Deus todo-poderoso, origem de todos os pensamentos e desejos de paz, acende no coração de todos nós o verdadeiro amor, e guia com tua sabedoria pacificadora aqueles responsáveis pela tomada de decisões em todas as nações da terra. Que, com tranquilidade, Teu Reino possa avançar sempre mais, até que toda a terra esteja plena do conhecimento do Teu amor. Isso te pedimos por Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.
SALMO 122 (recitado em dois coros – dividir o grupo em lado A e lado B)
A paz que vem da justiça
1* Cântico das subidas. De Davi.
Alegrei-me quando me disseram: «Vamos à casa do Senhor!»
2 Nossos passos se detêm junto aos teus muros, Jerusalém!
3* Jerusalém é fundada como cidade bem edificada.
4 Para ela sobem as tribos, as tribos do Senhor,
segundo o costume de Israel, para celebrar o nome do Senhor.
5 Aí estão os tribunais da justiça, no palácio de Davi.
6* Desejem a paz para Jerusalém: «Vivam seguros os que te amam,
7 haja paz dentro de seus muros e segurança em seus palácios!»
8 Por meus irmãos e meus amigos, eu digo: «A paz esteja em ti!»
9 Pela casa do Senhor, o nosso Deus, eu ti desejo todo o bem.
Gloria ao Pai e ao Filho…
CÂNTICO dos Escritos de São Francisco
(Orações para serem recitadas em todas as horas)
Todos. Santo, santo, santo é o Senhor todo poderoso, que é, e que era, e que virá.
Louvemo-lo e exaltemo-lo por toda a eternidade.
Leitor. Digno és, Senhor nosso Deus, de receber o louvor, a glória, a honra e o poder.
T. Louvemo-lo e exaltemo-lo por toda a eternidade!
L. Digno é o Cordeiro que foi imolado, de receber o poder e a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e a benção!
T. Louvemo-lo e exaltemo-lo por toda a eternidade!
L. Bendigamos ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!
T. Louvemo-lo e exaltemo-lo por toda a eternidade!
L. Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor!.
T. Louvemo-lo e exaltemo-lo por toda a eternidade!
L. Louvai o nosso Deus vós todos, seus servos, vós que o temeis, pequenos e grandes.
T. Louvemo-lo e exaltemo-lo por toda a eternidade!
L. Celebrem em sua glória os céus e a terra, e toda a criatura que na terra, no céu, debaixo da terra, no mar, e tudo quanto existe.
T. Louvemo-lo e exaltemo-lo por toda a eternidade!
L. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
T. Louvemo-lo e exaltemo-lo por toda a eternidade!
L. Como era no princípio, agora e sempre.
T. Louvemo-lo e exaltemo-lo por toda a eternidade.

SALMO 147 (cada pessoa pode recitar um versículo)

É bom louvar a Deus
1 Louvem o Senhor, pois é bom cantar. O nosso Deus merece harmonioso louvor.
2* O Senhor reconstrói Jerusalém, reúne os exilados de Israel.
3 Cura os corações despedaçados e cuida de suas feridas.
4* Ele conta o número das estrelas, e chama a cada uma por seu nome.
5 Nosso Senhor é grande e poderoso, sua sabedoria é sem medida.
6 O Senhor dá sustento aos pobres e rebaixa os injustos ao chão.
7 Entoem como é grande o Senhor, cantem ao nosso Deus com a harpa.
8 Ele cobre o céu com nuvens, preparando a chuva para a terra. Faz brotar a erva sobre os montes e as plantas úteis ao homem.
9 Fornece alimento ao rebanho, e aos filhotes dos pássaros que o invocam.
10 Ele não se compraz com o vigor do cavalo, nem aprecia os músculos do homem.
11 O Senhor se compraz naqueles que o temem, naqueles que esperam em seu amor.
12* Glorifica o Senhor, Jerusalém, louve o teu Deus, ó Sião.
13 Ele reforçou com segurança as tuas portas, abençoou teus filhos em seu seio.
14 Colocou a paz em teus limites, te saciou com a flor do trigo.
15* Enviou suas ordens para terra, e sua palavra corre veloz.
16 Fez cair a neve como lã, e espalhou a geada como cinza.
17 Ele lança o gelo como granizo e congela as águas com o frio.
18 Ele envia sua palavra e as derrete, sopra o vento e as águas correm.
19 Anunciou sua palavra a Jacó, seus mandamentos a Israel.
20 Com nenhum povo agiu desse modo, a nenhum outro revelou os seus preceitos.
Gloria ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo…
LEITURA BIBLICA (Romanos 12, 14-21)
14 Abençoem os que vos perseguem; abençoem e não amaldiçoem. 15 Alegrem-se com os que se alegram, e chorem com os que choram. 16 Vivam em harmonia uns com os outros. Não se deixem levar pela mania de grandeza, mas se afeiçoem às coisas modestas. Não se considerem sábios. 17 Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos. 18 Se for possível, no que depende de vocês, vivam em paz com todos. 19 Amados, não façam justiça por conta própria, mas deixem a ira de Deus agir, pois o Senhor diz na Escritura: «A mim pertence a vingança; eu mesmo vou retribuir.» 20 Mas, se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber; desse modo, você fará o outro corar de vergonha. 21 Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem.
(se for oportuno, outra pessoa pode ler novamente a leitura bíblica para melhor fixar a mensagem).
Silêncio para reflexão
Cântico de Maria (Lc 1,46-55): Magnificat (rezado em dois coros - lado A e lado B)
Antífona
Solista: Ele derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes.
1 -A minh'alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador;
2 -porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita.
3 -O Poderoso fez em mim maravilhas e Santo é o seu nome!
4 -Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem;
5 -manifesta o poder de seu braço dispersa os soberbos;
6 -derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes;
7 -sacia de bens os famintos, despede os ricos sem nada.
8 -Acolhe Israel seu servidor, fiel ao seu amor,
9 -como havia prometido a nossos pais,
10 -em favor de Abraão e de seus filhos para sempre.

Gloria ao Pai, ao Filho…
Todos: Ele derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes.
Pedidos (espontâneos)
Pai Nosso
Oração Final
"Senhor, Deus da Paz, tu que criaste os homens, para serem herdeiros de tua glória, nós te bendizemos e te agradecemos porque nos enviaste Jesus, teu Filho bem amado'; Tu fizeste dele, no mistério de sua Páscoa, o artesão de nossa salvação, a fonte de toda paz, o laço de toda fraternidade. Agradecemos pelos desejos, pelos esforços e pelas realizações, que teu Espírito de paz suscitou (e suscita) em nossos dias, para substituir o ódio pelo amor, a desconfiança pela compreensão, a indiferença pela solidariedade.
Abre mais ainda nossos espíritos e nossos corações para as exigências concretas do amor a nossos irmãos, para que sejamos, cada vez mais, verdadeiros artífices da paz. Lembra-te, ó Pai, de todos os que lutam, sofrem e morrem para que possa nascer um mundo mais fraterno. Que para os homens de todas as raças e de todas as línguas venha teu reino de justiça, de paz e de amor. Amém." (Papa Paulo VI)
*Sugestão: partes dessa oração pode ser usada como abertura ou fechamento, ou ainda como a oração que acompanha o diálogo de São Francisco e o Sultão descrito abaixo. O texto abaixo foi feito como reflexão, baseada no histórico encontro de Francisco de Assis com o Sultão Malek el-Kamil em Damieta, em 1219. (Cf. 20:57 1C, 2C 30, LMJ 9:5-9, LMJ 11:03.) Outras fontes relacionadas incluem Capítulos 16 e no capítulo 22:1-4 da Regra Primitiva. Este último é muitas vezes referido como Testamento de Francisco de 1219, escrito antes da sua partida para o Levante. Ele contém a visão de Francisco sobre o amor incondicional para com todas as pessoas - mesmo aqueles considerados "inimigos". (Para a ambientação do diálogo, Francisco e o sultão estão de pé (ou num ambão), lendo seus comentários. A linguagem deve ser natural, não formal).
Um encontro memorável:

O DIÁLOGO de Francisco de Assis com o Sultão
Sultão: Estou um pouco surpreso que você tenha passado pela frente de batalha para encontrar-se comigo, santo homem.
Francisco: Eu também estou surpreso em vê-lo, senhor sultão, - eu achava que iria sofrer o destino dos mártires.
Sultão: Eu lhe asseguro que isso não estava fora de questão!
Francisco: E o Martírio tem custo elevado!
Sultão: Infelizmente, nós dois temos uma longa tradição de mártires. Porém, eu aprendi que o martírio nunca é uma virtude em si mesmo.
Francisco: É verdade. Meus irmãos têm tentado convencer você e seu povo há mais de cinco anos a desistir de sua resistência e se entregar à fé em Jesus Cristo. Em Marrocos, três anos atrás, alguns pagaram o preço do martírio.
Sultão: Pelo que ouvi, foram muito insistentes em querer converter os marroquinos. Eles instigaram o povo que prontamente facilitou o martírio que buscavam.
Francisco: Certo - é esse o ponto. Mártires raramente tem a possibilidade de ter uma longa e sincera conversa com os seus adversários. Se eles dialogassem uns com os outros e aprendessem a respeitar um ao outro, talvez o martírio se transformasse em coisa do passado.
Sultão: Então você veio para dialogar?
Francisco: Eu não vejo outra maneira de chegar a um entendimento, não é verdade?
Sultão: Mas, além de tentar converter um ao outro à verdadeira fé, o que temos mais para dialogar?
Francisco: No meu mundo, a tua fama de sabedoria é reconhecida. Estudastes entre nós, és amigo do nosso imperador, tens uma sede profunda pelo conhecimento e pela verdade. Estou seguro que posso aprender muita coisa.
Sultão: Então você veio para aprender e não para ensinar?
Francisco: Existe por acaso um professor melhor do que aquele que sabe como aprender e não só como ensinar?
Sultão: Para um homem tão pequeno, você tem igualmente alguma experiência de sabedoria!
Francisco: Eu não estou tão seguro disto. Quando estava chegando aqui, eu trazia mil perguntas em minha cabeça: por que seus soldados foram tão gentis comigo; porque você me deixou passar por cada ponto de controle; porque seus homens faziam pausas para oração durante nosso caminhar para dentro do acampamento; porque estão sempre com essas contas entre os dedos; porque se curvam a mim com reverência; porque sua fé parece tão genuína?
Sultão: Sim, sim, eu entendo: você tem um monte de questões a responder.
Francisco: Sim, é bem isso o que estou fazendo. No meu entendimento, uma pessoa sem questões a responder é uma pessoa com os olhos fechados.
Sultão: Eu sempre pensei que, pelo contrário, vocês cristãos tinham todas as respostas, embora, é claro, nós dois sabemos como é difícil lidar com os fanáticos!
Francisco: Eu ouso dizer que sua resposta mostra sinais de humildade - uma virtude que eu aprecio muito.
Sultão: Ambos estamos lutando para defender nossas terras sagradas da profanação. O problema é que vocês acreditam que as estamos profanando neste exato momento, e ficamos indignados com o pensamento de que vocês podem conquistá-las e profaná-las ainda mais! A batalha continua! Teoricamente, dispomos de recursos suficientes, de dinheiro e ódio, para continuar esta batalha, matando um após o outro até que não tenhamos mais ninguém, somente você e eu aqui de pé. Nesse ponto, quem ganharia?
Francisco: Que proveito há em ganhar?
Sultão: Se eu ganhar, então vou ter certeza de que Deus será louvado e que todas as pessoas vão adorar somente a Ele.
Francisco: Obviamente, então, você não quer a paz – somente a vitória.
Sultão: E qual é a diferença? Se conseguirmos por fim a esta fratricídio medonho, se pararmos esse massacre sem sentido, vamos, então, finalmente ter paz.
Francisco: Mas senhor sultão, você não pode, em seu perfeito juízo, acreditar que a paz é tão simples como a conquista da vitória - como se houvesse um momento em que não existiria mais conflitos? Sua "vitória" só iria trazer mais ódio e a vingança continuaria - não a paz. Você sabe que nem a vitória e nem a paz podem acontecer quando somente um lado “supostamente” "ganha".
Sultão: Eu estou diante de um inimigo maior do que eu imaginava!
Francisco: Estás somente diante de um irmão.
Sultão: Se somente pudéssemos agir a partir do conhecimento de pertencermos ao mesmo Criador! Se somente pudéssemos ver um ao outro através dos olhos daquele que é o único Grande e Santo.
Francisco: Agora tua fala começa a fazer sentido. Finalmente paraste de falar sobre vencedores e decidistes falar sobre a realidade.
Sultão: Realidade? O sangue derramado que eu vejo todos os dias é real. Ele vem dos filhos, dos maridos e dos tios de pessoas reais. Mesmo que antes da morte os seus pensamentos tenham sido de raiva ou de ódio ou de justiça, eu posso assegurar-te que os pensamentos finais não foram nenhum desses. Com a vida se esvaindo, certamente elas devem ter pensado: "A que custo?" Realidade é uma palavra que é proibida no campo de batalha. Se pensarmos na realidade, não estaríamos massacrando uns aos outros nessas trincheiras do inferno. Estaríamos todos em nossas casas, com aqueles que amamos, na segurança que tanto prezamos.
Francisco: Segurança que é somente precária e enganosa, com o perdão da palavra, Sultão. Segurança para quê? De quê? Por quanto tempo? Se não estamos em paz com nosso Deus e não conhecemos a sabedoria do amor ao próximo - todos os nossos próximos - nunca teremos a segurança que vem somente do amor a ambos - Deus e o próximo. Estranhamente, eu descobri que a segurança só vem quando eu não estou “seguro” - quando eu vivo e sirvo aos outros através daquilo que o outro precisa e necessita em mim.
Sultão: Há algo muito profundo neste teu altruísmo! Quando será que a nossa consciência crescerá suficientemente de tal modo que agiremos com o fim de evitar a miséria humana ao invés de vingá-la?
Francisco: Eu vejo, pelo menos, que você e eu temos algo em comum: manter Deus fora dessa guerra medonha, feita em nome do Todo Poderoso! Pelo menos agora nós estamos falando sobre a paz real.
Sultão: e a vitória real.
Francisco: Alguém pode ganhar se nosso Deus sair perdendo?
Sultão: E pode Deus reivindicar vitória, quando seus filhos e filhas são assassinados em agonia?
Francisco: Veja! Então você tem perguntas também! Se apenas o nosso mundo tivesse a coragem de viver as suas questões. Eu sei que você reconhece o meu Senhor e Mestre como um grande profeta, e eu sei que você pode apreciar suas santas Palavras quando Ele diz que – somente quando morremos para nós mesmos podemos viver para Deus e para o próximo, somente quando a semente cai na terra e morre é que ela cresce e produz frutos, caso contrário, é apenas um grão de trigo – fadado a permanecer no chão sem produzir nada.
Sultão: É quando o grão morre que ele realmente nasce - para uma vida acima do solo.
Francisco: Sim. O amor não morreu na cruz - ele simplesmente optou por não revidar a violência - e deu à luz um amor que nunca morre.
Sultão: Um amor verdadeiro e eterno - o amor do Criador.
Francisco: Falando sobre o Criador, conforme o ensinamento, “PAZ “ não é um dos nomes de Deus?
Sultão: Realmente! E de fato nosso sincero diálogo está me ajudando a acreditar que a paz é possível. Por isso, louvemos a Deus!
Francisco: Sultão, eu sou um pobre coitado. Não tenho nada para lhe oferecer, excepto a minha sincera honestidade.
Sultão: Então, eu lhe agradeço com toda a humildade. Se eu não tivesse permitido que você viesse hoje ao meu encontro, eu nunca teria compreendido quão valoroso pode ser um cristão.
Francisco: Quem pode imaginar o que podemos descobrir quando nos abrimos sinceramente ao diálogo?
Sultão: E o que significa isso senão um pôr-se a caminho na estrada dos mistérios de Deus - sempre mais do que nós pensamos ser possível e sempre menos do que presumimos.
Francisco: Sim! Nosso Bom Deus é misterioso e majestoso! O louvor vem tão facilmente nos lábios daqueles que reconhecem a complexidade e ao mesmo tempo a simplicidade do nosso Deus.
Sultão: Realmente! Vamos louvar juntos o nosso bom e misericordioso Deus:
Juntos, Francisco e o sultão rezaram:
Vós sois o único Deus que faz maravilhas.
Vós sois o amor, a caridade; a sabedoria, a humildade, a paciência, a beleza, a mansidão, a segurança e o repouso.
Vós sois o benevolente, o Justo, o suave. Sois o infinitamente bom, que a tudo perdoa. Sois a Providência, a Generosidade, o Amor.
Todo o louvor é vosso, ò Misericordioso e Compassivo Deus.
Vós sois nossa alegria; nossa esperança. Sois a justiça, a moderação; nossa suficiência. Vós sois o protetor; nosso guardião e defensor.
Sois a Verdade, o forte, o doador da vida, o restaurador.
Vós sois O Magnífico, O Eterno, O Todo-Poderoso, O Santo.
Todo o louvor é vosso, ò Misericordioso e Compassivo Deus.
Sois a Luz, sois o Guia, tudo vês. Sois a força, a fé, a caridade e toda a doçura; sois nossa vida eterna.
Todo o louvor é vosso, ò Misericordioso e Compassivo Deus.
Vós sois o bom, todo o bem, ò Altíssimo; Deus grande e maravilhoso,
Vós sois O Magnífico, O Eterno, O Todo-Poderoso, O Santo, Amém.

Oração ecumênica

Esta oração se baseia em três idéias convergentes. A oração está ligada antes de tudo com a Jornada Mundial pela Paz através do silêncio. A oração de fato explora o que é o silêncio e o pecado. O quadro no qual foi pensada a oração é a compreensão das diversas “direções”. As leituras ajudam a orientar-se e estabelecem uma nova identidade: a de “embaixadores de paz e de reconciliação” capazes de romper o silêncio levando consigo o Tau – terceiro elemento em torno do qual se desenvolve a oração – símbolo do cumprimento da vontade de Deus.
INTRODUÇÃO
Oração Ecumênica
“Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles”. (Mt 18,20)
“E o que pedirdes em meu nome, eu o farei a fim de que o Pai seja glorificado no Filho”.( (Jo 14,13)
Não existe maior encorajamento para o cristão que o abrir-se à paz destes trechos da Escritura onde Cristo nos convida a nos reunirmos em seu nome, na sua presença, deixando de lado, por um momento, as poucas coisas que nos dividem para nos unir em torno do desejo comum da paz. A oração que segue, composta por Frei Brian Terry (Frade do Atonement) pode ser utilizada em um encontro ecumênico para expressar aquele desejo cada vez mais ardente e aquela insistência que se deve fazer ainda mais urgente, pela construção da paz em nossos dias.
NO ESPÍRITO DO TAU...
(Os sinos tocam lentamente enquanto entram os sete representantes. A escolha dos sete reflete a imagem do banquete escatológico onde todos os povos serão chamados à mesma mesa na Jerusalém celeste. Como referência podemos olhar as Catacumbas de São Calixto e os afrescos dos cristãos das origens. O número sete era considerado o número da perfeição, a cifra do cumprimento.)
REUNEM-SE EM SILÊNCIO
Representante 1: Nos recolhemos aqui em silêncio, em comunhão com todos aqueles que rezam em Assis.
O nosso silêncio aqui... faz eco ao silêncio dos líderes do mundo que se calam, não se pronunciam e não trabalham pela paz. Faz eco também às nossas comunidades silenciosas e muito preocupadas com seu bem estar, para deixar-se envolver. Faz eco aos nossos corações silenciosos que esqueceram os dons que recebemos de Deus. Nós não fomos criados para o silêncio. Devemos sempre nos lembrar que, vindos de diversas direções, somos na realidade um dom uns para os outros.
CONVITE À ORAÇÃO DE LOUVOR E DE AGRADECIMENTO
O nosso convite ao louvor nos chama a considerar os nossos pontos de vista e as nossas proveniências como um dom. Este convite ao louvor é baseado em uma oração dos Nativos da América adaptada por Frei Paul Ojibway, SA.
(Coloca-se incenso sobre as brasas antes que cada representante leia a sua parte)
Representante 2: Criador do Oriente, te oferecemos este dom em honra à aurora do novo dia. Agradecemos e honramos os povos do Oriente: a sua vida e suas tradições espirituais nos ensinam a viver. Todos nós desejamos acolher o desafio de um novo início e encontrar alegria em percorrer o nosso caminho ao nascer quotidiano da luz. Faz com que aprendamos a renovar a nossa mente para encontrar novos modos de cuidar de nós mesmos e do outros. Obrigado pelo nascimento de cada novo dia.
Representante 3: Criador do Norte, te oferecemos este dom em honra às lutas e à perseverança nos dias invernais. Agradecemos e honramos os povos do Norte: a sua vida e as suas tradições espirituais nos ensinam a viver. Todos nós desejamos enfrentar os desafios deste tempo complexo e confuso. Faz com que possamos encontrar a força e o sentido de viver no encontro contigo e com o próximo e torna-nos capazes de encontrar novos modos para nos apoiarmos e nos encorajarmos reciprocamente todas as vezes que nos sentimos perdidos.
Representante 4: Criador do Sul, te oferecemos este dom em honra ao renascimento que acontece a cada primavera. Agradecemos e honramos os povos do Sul: a sua vida e as suas tradições espirituais nos ensinam a viver. Todos nós desejamos renovar as nossas forças e o nosso sustento na surpreendente superabundância da vida. Faz com que aprendamos a receber cada dom com respeito, honra e humildade e torna-nos capazes de gerar compreensão e de encorajar novas lideranças. Obrigado pelo dom de cada pessoa que escolheu seguir Cristo.
Representante 5: Criador do Ocidente, te oferecemos este dom em honra ao fim de cada dia, como cumprimento dos nossos compromissos quotidianos. Agradecemos e honramos os povos do Ocidente: a sua vida e as suas tradições espirituais nos ensinam a viver. Todos nós desejamos vencer o medo de tudo aquilo que acaba no fim do dia e de cada estação de modo a partilhar a sabedoria que alcançamos ao percorrer o teu caminho. Faz com que possamos encontrar, na nossa obscuridade, a coragem de buscar uma nova aurora na espera e na esperança de alcançar a plenitude de coração, da mente e do espírito.
Representante 6: Criador do mundo, oferecemos este dom à nossa mãe terra, que nos nutre em tudo – pelo dons das criaturas, por tudo que cresce para alimentar-nos, pelos elementos que tornam possível a vida: luz, água, ar, fogo. Somos gratos porque nos doas tudo o que é necessário para viver com honra, respeito, dignidade e humildade. Nós não somos capazes de criar o que tu nos doas em abundância a cada estação. Te pedimos para  que aprendamos a cuidar dos teus dons para ser apenas os seus dispensadores. Faz com que os nossos corações louvem com gratidão porque em cada geração encontramos em ti a nossa morada e nosso refúgio.
Representante 7: Criador do céus, te oferecemos este dom para que possamos encontrar alegria nas nossas almas enquanto dançamos entre as estrelas e conhecemos o teu amor, os teus cuidados e a tua compaixão.  Pedimos-te que acolha as nossas súplicas do Leste a Oeste, do Norte ao Sul, das profundezas às alturas da tua criação. Faz com que no coração da nossa vida encontremos ainda a força de viver em comunhão, como irmãos, o dom da tua criação. Pedimos-te que juntos possamos percorrer as estradas que conduzem à tua casa, em cada estação e por todas as gerações.
Todos os presentes lêem juntos
Criador nosso, do Leste a Oeste dá-nos a paz. Criador nosso, do Norte ao Sul dá-nos a paz. Criador nosso, das alturas às profundidades dá-nos a paz. Criador nosso, do nascimento à morte dá-nos a paz. Criador nosso, da separação á reconciliação dá-nos a paz. Criador nosso, das dúvida à esperança dá-nos a paz. Criador nosso, da alienação à unidade dá-nos a paz. Criador nosso, do sacrifício de teu Filho à graça do teu Espírito dá-nos a paz, agora e sempre, nos séculos dos séculos. Amém.
PALAVRA DE DEUS
Líder 1: Agora deixemos que a Palavra de Deus rompa o silêncio e ressoe em todas as direções de modo que cada homem possa escutar a Boa Notícia e caminhar na paz e na benevolência de Deus.
“Assim diz o Senhor:
O céu é meu trono,
e a terra o escabelo de meus pés.
Que casa me haveis de fazer,
que lugar para meu repouso?
Tudo isso foi a minha mão que fez,
tudo isso me pertence, oráculo do Senhor!
Eis para que estão voltados meus olhos,
Para o pobre e para o abatido,
para aquele que treme diante de minha palavra.”
(Is 66, 1-2)
OS EVANGELHOS FALAM (Todos cantam o Aleluia ou uma aclamação ao Evangelho. Durante o Aleluia os leitores do Norte, do Sul, do Leste e do Oeste se adiantam para proclamar a Palavra de todas as direções da bússola)
Representante 2: Mateus 12, 15-21
Representante 3: Marcos 9, 14-29
Representante 4: Lucas 6, 37-42
Representante 5: João 7, 37-39
MEDITAÇÃO
(Escolher uma pessoa que faça uma breve meditação)
PEDIDO DE PERDÃO
Representante 6: Irmão e irmãs, rezemos não somente pela paz no nosso mundo, mas para que nós mesmos possamos ser instrumentos daquela paz que o mundo precisa. Devemos, todavia, pedir perdão por todas as vezes que não cumprimos a vontade de Deus. Lembremo-nos de que devemos antes de tudo pedir o perdão para poder ser perdoados. Reconheçamos a bondade de Deus, que é nosso Pai e reconheçamos os nossos pecados, de modo a poder receber o perdão de Deus misericordioso. Reconheçamos que escolhemos o silêncio em vez de escutar a Palavra de Deus e de acolher o grito dos filhos de Deus que são vítimas de injustiça (Adaptado do rito da reconciliação de Penance).
Representante 6: Rezemos com confiança a Cristo nosso Redentor. Ele é o Bom Pastor que nos procura quando nos perdemos no pecado e nos reconduz a Ele com alegria.
(depois de cada intenção todos respondem: Senhor piedade)
  • Através da tua morte tu nos tornaste uma só coisa com o Pai e nos deste a salvação: Senhor piedade
  • Tu Morreste e ressuscitaste e estás sentado à direita do Pai de onde intercede por nós: Senhor piedade
  • Tu nos advertiste dizendo que se pecamos uns contra os outros pecamos contra Ti, cura-nos da nossa arrogância de modo a não nos ferirmos reciprocamente: Senhor piedade
  • De rico que éreis escolheste fazer-te pobre pela nossa salvação; dá-nos viver com simplicidade para que nos tornemos ricos de Ti: Senhor piedade
  • Vieste ao mundo para salvar os pecadores: dá a todos nós a salvação neste dia a torna-nos testemunhas, para todos, da Tua Boa Notícia: Senhor piedade
  • Entregaste a ti mesmo para a salvação de todos, faz com que possamos nos entregar e nos tornar assim embaixadores de reconciliação, cura e serviço: Senhor piedade
  • Jesus, tu és o caminho papa o Pai, perdoa-nos por todas as vezes que escandalizamos os pequenos em vez de construir os caminhos da paz: Senhor piedade
  • Destruíste a morte e trouxeste luz a cada vida: enche os nossos corações com a superabundância do Espírito Santo: Senhor piedade
  • Morreste a fim de que aqueles que crêem em ti não morram, mas tenham a vida eterna; faz com que morramos à nossa indiferença, ao egoísmo, à amargura e à crueldade: Senhor piedade
  • Tens o poder de perdoar os pecados na terra, faz com que sintamos o peso dos nossos pecados, a fim de que possamos compreender a grandeza do teu amor: Senhor piedade
  • Vireis a julgar a vivos e os mortos: ajuda-nos a perseverar no teu serviço até o dia da tua vinda: Senhor piedade
Representante 6: Peçamos agora a Deus Pai para perdoar os nossos pecados e de nos tornar capazes de perdoar àqueles que pecaram contra nós.
Todos:
Ó alto e glorioso Deus, ilumina as trevas do meu coração.
Dá-me fé reta, esperança certa,
caridade perfeita e humildade profunda.
Dá-me, Senhor, consciência e discernimento
para cumprir a tua verdadeira e santa vontade. Amén.
(Oração de São Francisco para o discernimento)
RITO DA MISSÃO
O “Tau” é um símbolo conhecido há muito tempo. A sua presença se releva em diversos lugares na esfera da cultura Mediterrânea. Seja na língua fenícia que na hebraica, o Tau é a última letra do alfabeto e representa assim o símbolo do cumprimento. Em hebraico o Tau é um “t” ou uma letra em forma de cruz. E, uma vez que o Tau é a primeira letra da Torah, a lei que dá a salvação, tornou-se uma abreviação, imediatamente compreensível, para representar a lei e a salvação. Para o alfabeto grego, o Tau é a décima nona letra, em forma de cruz, e era considerado um sinal de vida e de ressurreição; era associado com a oitava letra “theta” que representa a morte, para falar do ciclo da vida humana. O profeta Ezequiel teve uma visão onde aqueles que permaneceram fiéis foram marcados com o sinal do tau, o sinal da aliança, da fé e da salvação (Ez 9,4)
Na Igreja dos primeiros séculos o tau era usado como símbolo da realização e do cumprimento da vontade de Deus ao enviar para a terra seu filho Jesus. Como símbolo, o tau é associado ao eremita egípcio do terceiro século S. Antonio, que é considerado o pai do monaquismo.
Santo Antônio é muitas vezes representado usando um manto com um tau desenhado.
Mas, o santo conhecido por ter difundido o tau em todo o mundo é S. Francisco de Assis. Conta-se que Francisco foi a Roma, provavelmente por ocasião do Quarto Concílio Laterano, e que ouviu o papa Inocêncio III falar de Ezequiel o do significado do Tau. Francisco se reconheceu imediatamente naquele símbolo e o fez seu. Os temas da conversão, da salvação, da fidelidade à Palavra e à vontade de Deus pareciam ser exatamente os temas  que Francisco mais levava no coração. O tau se tornou assim a cruz de Cristo e assumiu o significado de perdão e de paz. Diz-se que Francisco deu ao seu hábito a forma do Tau para abraçar a cruz no seu significado profundo de vida, perdão e salvação. Vestindo o hábito em forma de tau a cada dia, os frades se tornavam assim um tau vivente, um crucifixo que caminha para lembrar ao mundo o amor de Deus e a sua misericórdia.
Foi através da pregação da Palavra que Francisco difundiu o tau no mundo cristão como símbolo para renovar a cada dia o chamado batismal e “revestir-se de Cristo” e crer na Boa Nova. E talvez, exatamente por causa do caráter itinerante da pregação da Palavra de Deus, o tau se tornou um ponto de referência, um sinal a se seguir!
Neste dia em que estamos reunidos para rezar pela paz, o tau nos convida a viver em unidade conversão, cumprimento da vontade de Deus e no Espírito de Deus que é o Espírito de paz e de perdão. Hoje é nosso dever e responsabilidade ser pontos de referência para o mundo e chamar todo os homem a ser fiéis ao Pacto de amor com Deus.
ENVIO EM MISSÃO NO ESPÍRITO DO TAU
Representante 4: Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9). São verdadeiros pacíficos aqueles que em todas as contrariedades que suportam neste mundo por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, conservam a paz na alma e no corpo. (das Advertências XV de São Francisco)
Representante 3: Fazei tudo que está em vosso poder para conservar a unidade do espírito por meio do vínculo da paz. Um só corpo e um só espírito, como uma só é a esperança à qual fostes chamados, aquela da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, opera por meio de todos e está presente em todos. (Ef. 4, 3-6)
Representante 2: Eram perseverantes nos ensinamentos dos apóstolos e na comunhão, na fração do pão e na oração. (At 2,42 – Tema da Semana de oração pela unidade dos cristãos 2011)
Representante 1: disse-lhes: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16,15)
(Os sete representantes distribuem um tau a todos os presentes enquanto a assembleia canta o canto final de envio em missão)
CANTO DE DESPEDIDA